antes uma borboleta velha que já sabe voar, do que uma lagarta nova que ainda não saiu do casulo...

um dia, uma criatura dessas que ainda são lagartas, ainda estão presas dentro do casulo, recém colocando um olho pra espiar o mundo lá fora, resolveu me peitar.

tudo bem, é natural, ajuda a crescer.

mas ohhh... não me venha com frases prontas... não me venha tirar a paz se não tem inteligência suficiente pra me dobrar, pra me convencer. ter um ponto de vista diferente do meu não significa que eu não te respeite, desde que você saiba argumentar e me fazer ver o outro lado que eu não conhecia. se não, fica gratuito, fica agressivo, sem sentido.

dizer que eu "estou há décadas pelo mundo e ainda não achei o meu trem" é querer colocar no lixo tudo o que eu vivi e aprendi. é dar as costas para alguma maturidade que eu alcancei a duras penas, porque sim queridinha, crescer não é fácil. é lógico que achei meu trem. e não um só. mas uma estação inteira com mil possibilidades. te garanto que é bem mais emocionante e realizador do que pegar um único trem querendo sentar na janelinha.

dizer que eu sou "velha e de pequena estatura" não me afeta. sou mesmo. e bem feliz. velhice é de espírito, querida lagartinha. e o meu espírito é leve como o vento, porque já sou uma borboleta, já saí do casulo faz tempo, já voei muito por aí.

sou uma acadêmica de três décadas sim. mas isso porque, enquanto essa lagartinha ainda estava vivendo como um espermatozóide dentro do saco do pai, eu já vivia intensamente e colhia experiências que muita gente sentiria inveja. antes de ter três décadas nessa faculdade, eu já voava por aí, linda como uma mariposa tecknicolor.

então fica aí largatinha, faz força nesses braços gordinhos pra sair do teu casulo. vira uma linda borboleta. se quiser, eu te dou a mão pra voar, porque eu já tô lá em cima.