16 de abr. de 2009

o velho novo amigo...


não sei se esse será o último post sobre o mesmo assunto.

mas, pegando emprestada a coragem da fran, decidi que também não vou disfarçar minha dor. aprendi que o luto deve ser curtido e ele tem, claramente, cinco fases: choque, negação, raiva, depressão e aceitação. nesse exato momento eu me encontro no período de negação extrema, me direcionando lentamente para uma raiva absurda. mas isso é assunto pra outra hora.

confesso na maioria das vezes esqueço que estou na internet e torno público coisas que não devem interessar a mais ninguém. mas o que eu quero registrar aqui é uma coisa muito doida que aconteceu comigo nesses dias de tristeza.

pois bem. no dia em que soube da passagem do ricardo, uma amiga me chamou no msn e perguntou: ana, tu leu isso? e me mandou o link de um blog desconhecido pra mim. o nome do texto chamava-se "finitude". fui lendo, até o fim. lendo e chorando. ao pé da página, o nome do autor: ricardo ceratti.


quase tive um treco. como assim? ele tinha um blog? como nunca falamos sobre, já que ele sabia da paixão que eu tenho pelo meu e frequentemente me lia? porque não me contou que também usava desse cibermundo para escrever? fiquei surpresa e profundamente emocionada por tudo o que o texto dizia. e mais ainda por perceber a incrível coincidência em encontrar um apanhado de idéias sobre a efemeridade da vida, escrito por alguém que acabou de nos deixar.

naquele memento, emocionada ao extremo, não me segurei e deixei um recado no blog. mesmo contando com a possibilidade de nunca ter retorno, caso o dono fosse mesmo quem eu imaginava que era.

pro meu espanto, ontem recebi resposta. e não sei dizer se fiquei feliz ou triste. o que sei é que encontrei em uma pessoa estranha, homônima ao ricardo que eu amava, uma doçura semelhante à dele. a mesma educação e gentileza. o apoio e estímulo para que eu fique bem. o similar otimismo e fé na vida. a análoga preocupação em me ver tranquila. por isso, agradeço hoje ao ricardo que pode me ler, a oportunidade de dizer a ele que esse "parente distante", como ele mesmo disse, foi um cara ímpar. bom filho, bom irmão, bom amigo, excelente profissional.

só posso lamentar que os dois não tenham tido a oportunidade de se conhecer nessa vida. e agradeço mais ainda a oportunidade de ter ganho um novo amigo chamado ricardo ceratti.


o texto "finitude" pode ser lido aqui.

Um comentário:

The Drunken Scientist disse...

Agora que eu entendi a situação que tu passastes.
Que gelo que deve ter te dado ao ler meu texto!!

Fiquei realmente tocado... triste... com teu texto. Como eu gostaria que o Ricardo "certo" fosse quem te respondesse o teu comentário no meu blog. :'(

Realmente fiquei com um pesar de não tê-lo conhecido.
É estranho, sabe? Não sei se isso se deve ao teu luto, já que é bem normal para mim sentir as coisas pelos outros, ou se eu mesmo realmente fiquei de luto pela morte dele.
Acho que um pouco eu me senti "morrido". Por mais que eu lute para proporcionar que minha vida acabe (quando acabar) sem arrependimentos, me senti a desperdiçando agora.
Por esta razão eu imagino que, se eu for realmente parecido com o teu amigo, tu podes ter certeza de que o que ele mais quer é que tu sejas feliz e aproveite com GOSTO a tua vida. Que tu construas desde agora a possibilidade de que na TUA despedida tu possas, enfim, te entregar e te deixar inundar pelo único e simples pensamento: "vivi bem".

Pelo jeito que tu falas dele deve ter sido uma das pessoas mais especiais da tua vida. Não consigo imaginar como EU me sentiria no teu lugar.
Portanto reforço que te sintas à vontade para conversar comigo o quanto sentir vontade. Desabafar, falar bobagem, elaborar o luto... enfim, o que achares melhor.

Te desejo tudo de bom e muita força.