troquei minha hora de almoço pra me juntar aos colegas e futuros colegas de profissão, na praça saldanha marinho e calçadão. uma manifestação tímida, mas indignada. expressões tristes e opiniões desacreditadas. um desejo de luta, de mudança, mas pouca fé nos resultados. éramos poucos, mas éramos.
e daí eu fico pensando... que classe mais desunida, essa, dos jornalistas. pra quem não sabe, o supremo tribunal federal (stf) deste país onde eu tive o (des)gosto de nascer, derrubou ontem a exigência do diploma para exercer a profissão de jornalista. uma derrota histórica, que fere o direito da população à informação ética, responsável e de qualidade. e o que mais me surpreende, é que durante a manhã de hoje, pelo meu msn eu via dezenas nicks com expressões de indignação e repúdio ao ato do stf. porém, os donos desses nicks, salvo raras excessões, nem apareceram pra dar o ar da graça e juntar-se aos demais, que como eu, deixaram de almoçar, ou largaram o filho em casa, ou saíram mais cedo do trabalho pra protestar. mesmo com a expressão de riso e deboche dos comerciantes no calçadão.
esse país é mesmo engraçado. as pessoas se revoltam, reclamam, mas quando chega a hora do tbc (tirar a bunda da cadeira), pouco fazem. onde estavam? não sei, não quero julgar (apesar de estar fazendo isso, de leve). mas pouco importa. eu estava lá. meus colegas conscientes estavam lá. vamos mudar o final da história? também não sei. mas soltei minhas palavras de ordem e exorcizei os demônios dessa afronta que ameaça o bom senso.
em tempo: a parte feliz do dia foi reencontrar a carol (a caroline kleinubing), minha colega de profissão e de faculdade, a mesma que recentemente desbancou milhares de candidatos e foi selecionada para o profissão repórter, na rede globo. e o bom desse encontro foi ver na carol de hoje, a mesma carol da facul, sem mudar um milímetro (além da felicidade contagiante). me confortou ver que existem pessoas, que apesar de subirem um degrau a mais na escala do triunfo, continuam iguais na essência. de ver que existem pessoas que, apesar da pouca idade, são maduras e bem resolvidas. fiquei contente de ver que a conquista da carol pode ser compartilhada por ela mesma, junto comigo e com outras pessoas que gostam dela. sem estrelismo ou deslumbre. fiquei feliz, carol. teu futuro é brilhante. assim como o meu, que tô correndo atrás e tenho a serenidade de saber que meus desejos vão se tornar realidade, tudo a seu tempo.
(ps: tenho fotos de hoje, assim que der, coloco aqui) bêjo, queridos.
3 comentários:
Juro, guria: eu não sabia do protesto. Como estou de férias, algumas notícias demoram a chegar.
Se rolar de novo, me avisa, tá?
ana, eu sinto muito por esse momento, mas com esse tipo de fato (e a falta de união da pessoas) só penso que realmente esse país é aquilo que sempre penso: o brasil é formado por um povo sujo, ladrão e mentiroso e concordo pelnamente com aimagem que um extrangeiro tem do nosso país... um lixo subdesenvolvido, corrupto e cjeio de doenças sociais.
Aninha :
Há 40 anos atrás, quando comecei a luta ecológica em Santa Maria, o Lutezemberger me avisou : te prepara para o deboche, o escárnio, a incompreensão, a solidão. A gente botava dinheiro do próprio bolso para lutar. E ainda tinha a ditadura por cima da gente. A quase totalidade dos colegas nunca me acompanhou por medo de perder o emprego, medo disso, medo daquilo.
Hoje tem ecologistas lights, comportadinhos, educadinhos, que fazem ONGs para ganhar verbas do oficialismo e que - se forem críticos e éticos - não ganharão estas verbas.
Com esta luta dos jornalistas e esta oceânica decepção de agora, causada por ministros do STF (quase todos nomeados pelo Lula ou de estrita confiança dele), ocorre a mesma coisa. Muitos não protestarão publicamente porque já conseguiram sua colocação. Grande número faz parte dos onipotentes, que acham que protestar na rua é coisa prá operário..sim, porque tem muito profissional da imprensa que acha que não é operário, acha que é um intelectual...
Eu fiz todas as greves da UFSM, fui às passeatas. Sofri críticas por isso, até mesmo de alguns familiares que achavam que isso "não ficava bem" para um docente universitário.
Aninha : tem gente, em tudo quanto é categoria, que come merda e arrota peru.
Neste episódio todo, eu fico a imaginar o melancólico desânimo de quem é estudante de Comunicação, principalmente os que estudam em universidade particulares e pagam pesadas e sacrificantes mensalidades.
Pessoalmente, tu tens a minha solidariedade, o meu abraço, o meu ombro,a minha compreensão. Eu sei bem o que tu estás pensando e o quanto de indignação estás tendo.
Beijo
James Bond+
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