21 de ago. de 2009

uma saudade sem explicação


no dia em lamentamos 20 anos da morte de raul seixas, minhas lembranças se apegam a um passado distante, porém, feliz.


raul é a primeira referência que eu tenho em matéria de música. ok, muitos podem dizer ‘deveria ser beatles’ ou ‘e porque não, elvis?”, mas não, foi raul seixas. a lembrança mais remota que tenho é dos meus doze anos, quando ouvi a música gita pela primeira vez. não tem como descrever o significado daquela letra e melodia no universo de uma guria que começava a tomar conhecimento da literatura, das artes e, principalmente, da música. meu ‘padrinho’ nessa época é um cara que muito me orgulha, até hoje, por tudo o que ele é/se transformou na cena cultural santamariense. falo do meu mano querido, marcio grings. foi o marcio quem me apresentou a obra de raul, gravada em fitas cassete, as quais eu escutava como uma louca, cantando em frente ao espelho. uma das mais ternas lembranças que tenho, dessas que mais emocionam, foi quando o marcio me presenteou com a música ‘baby’ (do disco abre-te sésamo, de 1980). confesso que levei algum tempo até entender completamente a letra, não que ela seja complexa, mas para uma guria de 13 anos, entender o significado de ‘eu sei que você quer deitar’, era uma realidade bem distante das gurias daquela época.

a partir dessa descoberta, a discografia de raul veio para mim como uma overdose de maluquêz e lucidez. muito do que sou hoje, tem sua base no que aprendi com o marcio e com o bom e velho raul. tenho a honra de falar que meu filho ouve raul seixas desde que abriu seus olhinhos para o mundo.


continua brilhando aí no cosmos raulzito, fazendo teu som e maluquecendo anjos e suas trombetas.


baby, hoje 'cê' faz treze anos,
vejo em seus olhos seus planos,
eu sei que você quer deitar
não dá ouvido à razão, não
quem manda é seu coração,
oh oh oh baby,
oh baby,abraça seus livros no peito,
esconde o que é tão perfeito, eu sei...
baby, a madre da escola te ensina,
a reconhecer o pecado,
e o que você sente é ruim
mas, baby, baby,
deus não é tão mal assim,

não, não, não, não, baby...

no quarto crescente da lua
descobre a vontade que é sua
eu sei...
a mancha de batom vermelho,
por que esconder no lençol,
se dentro da imagem do espelho
baby, baby, o inferno é o fogo do sol

não, não, não, não, baby,
hoje 'cê' faz treze anos...

2 comentários:

nixon vermelho disse...

bacana... muito bacana. mas como sou teu amigo mais chato e mal humorado, tenho que comentar que respeito quem gosta, mas Raul Seixas passou longe do meu aprendizado musical, que por sinal, começou com meus oito, nove anos, ao escutar uma mistura de kraftewrk, iron maiden e queen.

antes que a natureza morra disse...

Raul foi tão grande que morreu faz 20 anos e a gente tá aqui escrevendo sobre ele...
No meu programa de rádio "Antes que a Natureza Morra, que produzi e apresentei durante 26 anos ininterruptos pela Rádio Universidade da UFSM, sempre toquei Raul Seixas (que era um tipo proscrito na época da ditadura de 1964).
Pergunto aos críticos de Raul : quantos nestas duas últimas décadas surgiram e inovaram pela temática das composições ? Qunatos ?
Beijo

James Bond+