29 de dez. de 2010

2001: o ano que não terminou


mesmo cansada e caindo pelas tabelas, eu não poderia deixar o dia de hoje terminar sem prestar minha singela homenagem à uma mulher que não está mais nesse plano. na verdade, não se trata de homenagem, mas um ataque de nostalgia explícita.

cássia rejane eller nasceu em 10 de dezembro (inclusive tem um disco póstumo com esse nome) e morreu em 29 de dezembro de 2001. lembro bem desse dia. justo eu, que tenho uma memória bem deficiente. lembro de ter ouvido a notícia no jornal hoje e ter ficado pelo menos uns dez minutos na frente da tv. inerte, incrédula, arrasada. doída. a exatamente um mês, naquele mesmo ano, eu tinha perdido meu avô materno. a dor estava latente, só fiz chorar pelos dois.

conheci a genialidade de cássia em 1990, quando ela grava "por enquanto", do legião urbana, uma das minhas músicas preferidas. fui arrebatada pela voz rouca, pelo timbre grave mas que era capaz de manter uma doçura discreta, típico de menina tímida criada em belo horizonte que era. sim, cássia era extremamente tímida. contraditório, se lembrarmos da criatura visceral que dominava o palco com uma energia ímpar, movida pelas próprias entranhas, berrando ao mundo suas dores e seus temores, como se não houvesse amanhã. era uma intérprete incrível, não sei se compôs. uma fera. um bicho. um anjo. uma mulher com uma arrebatadora presença de palco.

e depois disso, vieram sucessivas paixões. como quando regravou outra do legião - primeiro de julho, ou quando cantou edith piaf, lindamente. e o que dizer de cazuza na voz da cássia? e gilberto gil? chico buarque, então... impossível esquecer dos beatles! e nirvana? e nem falei em mutantes, em itamar assumpção, entre tantos outros... cássia era um vulcão prestes a entrar em erupção. apesar da aparente calmaria.

em 2001, ano de sua morte, cássia grava o aclamado acústico mtv. com uma banda pra lá de competente, esse disco deu mais uma prova de que ela tinha um futuro brilhante. nove anos depois, esse disco ainda consegue me emocionar.

cássia nos deixou com a sensação de ter partido cedo demais. ainda hoje fico imaginando o que mais teria saído daquela garganta. que canções regravaria... que nomes daria aos próximos discos, com quem faria novas parcerias... cássia eller não poderia ter nos deixado assim, tão de repente, enquanto estávamos aqui embasbacados com tanto talento. com certeza, ela faz falta nisso que chamam música brasileira.

ps.: buscando fotos da cássia no google, me deparei com isso. quem quiser acreditar, que acredite.

Um comentário:

Unknown disse...

ô dupla (ana+cris), achei quase sem querer teu blog, dona moça!

Muito legal as ideias e tu escreve bem pra caramba. Só me resta ler y leer und lesen et lire...

beijos