eu previ o futuro. tive esse poder quando, há uma semana, cantei no ouvido da renata: "não se surpreenda se essa palestra virar assunto da coluna". me referia a espetacular palestra com o diogo mainardi, o baluarte da crítica brasileira. o cara foi convidado pra abrir o 20º set universitário da puc-rs, ocasião em que falaria sobre o tema "mídia e poder: relações incestuosas". nada mais apropriado para um cara com a opinião firme e coerente do mainardi.

então, salão lotado, centenas de universitários sedentos pra absorver cada palavra do cara, todo mundo atento. e a palestra rolando, com a intermediação competentíssima do juremir machado. quando de repente, eu escuto um barulho de papel pardo, aqueles bem barulhentos mesmo. olho pro lado e o que vejo? meia dúzia de manés subindo nas cadeiras e armando "o maior ato de protesto da vida deles".

confesso. senti vergonha. de verdade. vergonha da falta de respeito ao convidado e principalmente aos demais, que como eu, estavam ali atentos e interessados. primeiro: não era o momento pra protestar. segundo: não foi organizado, não foi articulado, não foi coerente. foi um fiasco. deixo claro aqui que sou a favor do direito de expressão (e acho que grande maioria ali também, incluindo palestrante e mediador), mas tenha dó! aquela papagaiada não tinha direito de acontecer, com aquele bando de selvagens, atrapalhando a minha concentração. e olha que os seguranças da puc espalhados pelo salão nem se manifestaram, foram democráticos e deixaram a turma dos "politizados" se manifestar.

feio ficou pra eles, os "alunos, traíras da palestra criativa". pagaram um mico sem tamanho. não sei se eles perceberam, mas o juremir tirou uma onda, o público tirou uma onda (ainda escuto as vaias ecoando), pior: o diogo mainardi tirou uma mega onda. e publicamente ainda por cima, tá na coluna dele, na edição da veja (nº 2027) dessa semana. o mainardi confirmou minha premonição. só espero que ele não fique com a péssima impressão de que todo gaúcho é mané.

copiei da coluna dele: A platéia mandou cerca de cem perguntas. A mais freqüente foi: "O que a imprensa pode fazer para organizar o protesto contra o poder político". A resposta: "O papel da imprensa é apenas dar a informação e comentá-la. Se o leitor ou o espectador quiser protestar, ele que se vire"

obrigada pelo espetáculo diogo. obrigada juremir, querido lambari da américa latina.

vale a pena escutar o podcast do diogo mainardi, na íntegra, contando tudo sobre essa fatídica palestra na puc-rs (título: Diogo, traíra, da América Latina!). ele conta melhor do que eu, é só clicar aqui.